Bactérias
A prata é conhecida há milênios por suas propriedades antimicrobianas. Hoje, existem diversos estudos que demonstram a eficácia de nanopartículas de prata, ou prata coloidal, contra bactérias – inclusive as resistentes a antibióticos – assim como seus mecanismos de ação. Conheça, a seguir, alguns estudos sobre o tema.
Escherichia coli
Um estudo de Wen-Ru Li e colaboradores investigou a atividade antibacteriana e o mecanismo de ação de nanopartículas de prata contra Escherichia coli, analisando o crescimento, a permeabilidade e a morfologia de células bacterianas após tratamento com prata nanoparticulada. Os resultados demonstraram que a prata coloidal inibe o crescimento de células de E. coli, além de afetar a permeabilidade das membranas bacterianas. Dependendo da concentração, as células de E. coli ainda apresentaram fragmentação e danos severos à membrana. Os resultados do estudo sugerem que nanopartículas de prata podem danificar a estrutura de membranas celulares bacterianas, além de inibir a atividade de algumas enzimas de membrana, provocando a morte de bactérias E. coli. Resultados similares foram obtidos por Sondi e Salopek-Sondi.
Li, Wen-ru; Xie, Xiao-bao; Shi, Qing-shan; Zeng, Hai-yan; Ou-yang, You-sheng; et al. Antibacterial activity and mechanism of silver nanoparticles on Escherichia coli. Applied Microbiology and Biotechnology. 85.4 (Jan 2010): 1115-22.
Bactérias resistentes a antibióticos (Pseudomonas aeruginosa multirresistente, Escherichia coli O157:H7 resistente a ampicilina e Streptococcus pyogenes resistente a eritromicina)
Lara e colaboradores estudaram a ação de uma suspensão de nanopartículas de prata, ou prata coloidal, sobre diversos patógenos resistentes a antibióticos de relevância clínica (Pseudomonas aeruginosa multirresistente, Escherichia coli O157:H7 resistente a ampicilina e Streptococcus pyogenes resistente a eritromicina). Foi constatado que a prata nanoparticulada i) inativa um painel de bactérias resistentes e susceptíveis a medicamentos, Gram-positivas e Gram-negativas, ii) atua por ação bactericida e não bacteriostática, e iii) inibe a taxa de proliferação bacteriana a partir do primeiro contato entre a bactéria e as nanopartículas. Pelo método de Kirby-Bauer, demonstraram que o mecanismo geral de ação antibacteriana da prata nanoparticulada é pela inibição da síntese da parede celular, da síntese protéica e da síntese de ácido nucléico. Os dados do estudo sugerem que a prata nanoparticulada é eficaz como biocida de amplo espectro, apresentando potencial para uso em produtos farmacêuticos capazes de prevenir a transmissão de patógenos resistentes a antibióticos.
Lara HH, Ayala Nuñez NV, Ixtepan Turrent L, Rodriguez-Padilla C. Bactericidal effect of AgNPs against multidrug-resistant bacteria. Word Journal Microbiology Biotechnology. 2010;26:615–621. doi: 10.1007/s11274-009-0211-3.
Efeito “zumbi”
Pesquisadores israelenses relataram, em estudo de 2015, que bactérias mortas por nanopartículas de prata são capazes de matar outras bactérias vivas, um fenômeno que denominaram efeito “zumbi”. O estudo lembra que a prata coloidal, ou nanoparticulada, age pela liberação de íons, como já destacado em nosso FAQ. O que ainda não se sabia é que quando esses íons são absorvidos pelas bactérias, sofrem redução, transformando-se novamente em partículas de prata. Essas partículas, alojadas nas bactérias mortas, passam a liberar íons capazes de matar outras bactérias vivas. Ou seja, as bactérias mortas passam a atuar como “reservatório” de partículas de prata, cujos íons liberados alvejam bactérias vivas.
Partículas de prata (pontos pretos) alojadas em bactérias
Wakshlak, R. B.-K.. Pedah/ur. R., Avnir. D.: Antibacterial activity of silver-killed bacteria: the “zombies” effect. Scientific reports, vol. 5, p. 9555 (2015).